ATA DA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUINTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA, EM 12.03.1987.
Aos doze dias
do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete, reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Oitava Reunião Ordinária da Quinta Comissão Representativa da Nona Legislatura.
Às nove horas e quarenta minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Brochado da Rocha, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Isaac Ainhorn,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Titulares, e Adão Eliseu, Aranha Filho, Getúlio
Brizolla e Wilson Santos, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o
Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem
distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sétima Reunião Ordinária, que foi
aprovada, com pedido de retificação do Ver. Antonio Hohlfeldt para que
constasse em seu pronunciamento, em Comunicação de Líder, a análise que fez dos
fatos ocorridos com ambulantes do Lami, na qual S.Exa. critica a posição
assumida pela SMIC frente aos mesmos. À MESA foram encaminhados pelo Ver. Auro
Campani, 03 Pedido de Providências, solicitando limpeza e capina da Av. Alberto
Pasqualine, em toda a sua extensão, da área verde que circunda o campo de
futebol da Sociedade Esportiva Sabará, entre as Ruas Guadalajara e Leopoldo
Betiol, da área verde localizada na Rua 24 de Agosto, esquina com Cristo Rei,
da Praça Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, na Rua Adolfo Bastide, esquina com
Rua Manoel Faria Lobato e da Praça Carmem Miranda, na Rua 24 de Agosto, esquina
com Manoel Bandeira; verificação da canalização hidráulica que atende ao
Conjunto Residencial Cohab-Costa e Silva, sito à Rua Roque Calage n.ºs 180, 190
e 200; limpeza e desobstrução do bueiro e da tubulação de esgoto da Rua
Guadalajara, entre a Rua Manoel Bandeira e a Av. Alberto Pasqualine. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 39/87 da Câmara Municipal de Santiago;
29/87, do Deputado Athos Rodrigues; 08/87, do Deputado Paulo Ritzel; 127/87, da
Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Rio Grande do Sul; 98/87, do Sr. Prefeito
Municipal; Ofício Circular n.º 01/87, da Câmara Municipal de São Nicolau. Na
ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Isaac Ainhorn,
acerca do término dos trabalhos da presente Comissão Representativa. Em
COMUNICAÇÕES, a Ver.ª Teresinha Chaise reportou-se ao problema do menor
abandonado e, analisando o assunto, atentou para a falta de perspectivas do
atual Governo para a solução do mesmo. Enfatizou as graves conseqüências que
advirão caso não sejam tomadas sérias medidas para a busca de soluções para
este problema. Questionou a atuação da Assembléia Nacional Constituinte face as
dificuldades enfrentadas pelas minorias no País. O Ver. Jorge Goularte comentou
pronunciamentos feitos anteriormente, pela Ver.ª Jussara Cony e pelo Ver.
Clóvis Brum, com relação à pessoa do Sr. Superintendente do INAMPS em nosso
Estado, analisando o assunto. Deixou bem claro sua estranheza face ao
posicionamento assumido pelo Líder do PMDB quanto ao mesmo. O Ver. Frederico
Barbosa elogiou a conduta política do Governador Jair Soares, na administração
do Estado, ressaltando a clareza e objetividade com que S.Exa. soube tratar os
problemas públicos. Agradeceu o apoio sempre recebido de S.Exa. em sua carreira
política. O Ver. Clóvis Brum enfatizou a necessidade de que sejam averiguadas
as denúncias de irregularidades veiculadas na imprensa contra órgãos do INAMPS
neste Estado, em especial as que se referem ao Hospital Presidente Vargas,
ratificando posicionamento já assumido anteriormente. O Ver. Isaac Ainhorn
comentou a elevada taxa de juros no Mercado de Capitais, criticando a atuação
do Governo Federal a esse respeito. Mostrou-se contrário à continuidade de
cobrança, pelos bancos, após a liberação da taxa de juros, dos serviços
prestados aos seus clientes. O Ver. Cleom Guatimozim reportou-se ao aumento
concedido pelo Prefeito Alceu Collares aos municipários, dizendo que S.Exa.
reconhecida o baixo índice de aumento concedido, mas enfatizou os parcos
recursos com que o Executivo conta para fazer frente a esses aumentos. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt criticou a política salarial do
Pref. Alceu Collares, dizendo que S.Exa. usa de vários critérios para a
concessão dos aumentos das diversas categorias. Comentou a crise financeira
enfrentada pelo Rio Grande do Sul e as políticas adotadas pelo Governador do
Estado e o Prefeito Alceu Collares relativas ao funcionalismo público. Ainda em
COMUNICAÇÕES, a Ver.ª Jussara Cony, reportando-se aos pronunciamentos feitos,
ontem e hoje, pelo Ver. Clóvis Brum, sobre as irregularidades no INAMPS,
manifestou sua solidariedade com o Dr. Omar Terra, Superintendente daquele
Órgão em nosso Estado, enfatizando a qualidade de seu trabalho e o dinamismo e
moralização que implantou naquela Instituição. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Ver. Clóvis Brum reportou-se ao pronunciamento, de hoje, da Ver.ª Jussara Cony,
acerca da Superintendência do INAMPS, dizendo não querer prejudicar o Dr. Osmar
Terra, mas salientando a necessidade de que a população seja totalmente
esclarecida sobre a questão. O Ver. Cleom Guatimozim comentou carta publicada
no Jornal Zero Hora, de hoje, assinada pela Sr. Nerci Thomaz, mãe de Alex
Thomaz, vítima da violência de um grupo de jovens que o mataram a golpes de
karatê. Discorreu sobre a violência urbana e sobre as providências tomadas pela
SMIC, que averiguou a situação das Academias de Karatê na Cidade. Ainda em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Antonio Hohlfeldt falou da situação precária em que se
encontra a educação no Rio Grande do Sul, tanto na esfera municipal quanto
estadual. Disse que pretende iniciar uma série de visitas a escolas de Porto
Alegre a fim de verificar suas condições. Denunciou irregularidades observadas
nas Escolas Cenecistas do Município. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Frederico Barbosa comentou telefonema recebido do Secretário Municipal dos
Transportes, Ver. Elói Guimarães, a respeito de seu pronunciamento, de ontem,
nesta Casa. Observou que não se reportou a nenhum órgão em particular do
Executivo, mas sim à necessidade de uma coordenação política entre este
Legislativo e o Executivo Municipal. Nada mais havendo a tratar o Sr.
Presidente levantou os trabalhos às onze horas e cinqüenta e seis minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão de Instalação da Quinta sessão
Legislativa Ordinária, dia quinze de março corrente às nove horas e trinta e
cinco minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da
Rocha, Teresinha Chaise, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Jorge Goularte e
Lauro Hagemann, os dois últimos nos termos do art. 11, § 3º do Regimento
Interno, e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis
Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida
e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Reunião.
A Sra. 1ª Secretária procederá à leitura da Ata da 7ª Reunião
Ordinária.
(A Sra. 1ª Secretária lê.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito retificação da Ata em meu pronunciamento, em
Comunicação de Líder, para que conste a análise que fiz dos fatos ocorridos com
os ambulantes do Lami, e a crítica quanto ao posicionamento assumido pela SMIC
frente aos mesmos.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Em votação a Ata, com a retificação solicitada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Sra. 1ª Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: À Mesa foram encaminhadas
proposições pelo Sr. Vereador (passando a ler): Auro Campani (03).
É só, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
O ementário do Expediente está distribuído em avulsos. A seguir, passamos ao período de
Comunicações.
Com a palavra, a Ver.ª Teresinha Chaise.
A SRA. TERESINHA CHAISE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em minha primeira intervenção neste ano de 1987, ao finalizar,
praticamente, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre,
não me furtaria a um assunto que acho, e coloco, como prioritário: sempre o menor
abandonado, sempre o menor carente, sempre a situação dramática, injusta em
relação aos 36 milhões de menores abandonados em todo o País . E a pergunta que
sempre me faço, repito e torno a repetir, como desafio, como questionamento, é
uma pergunta a mim mesma, uma pergunta aos meus pares, à população e ao
Governo: abandonados por quem? Como? Em que condições? Quais as alternativas?
Qual o sentido para reintegrarmos ou, pelo menos, trazermos alguns destes
milhões de menores abandonados? A pergunta que eu faço é: o que vai trazer esta
Constituinte que agora se instala em favor destes menores carentes,
abandonados, que nós encontramos, aqui, na saída da Câmara Municipal? Que
encontramos no Viaduto, em todas as paradas de ônibus, nas saídas dos supermercados,
batendo nos carros, roubando, ferindo, matando, se prostituindo. Eu pergunto
quais as soluções que este Governo, Ver. Wilson Santos, e V.Exa. é interessado
nisso aí, vai apresentar? É uma hora de decisão, porque é uma hora de transição
política. Estamos na iminência de uma Constituição, estamos na iminência de
viradas radicais neste País, mas eu acredito que não tenhamos grandes
condições, Ver. Isaac Ainhorn, que o partido que se instalou não tem condições
para resolver este problema que eu considero como prioritário, porque, se não
resolverem e não derem soluções para o menor, todos os outros problemas não
terão grande validade. A base deste País está nas suas crianças. A base e o
futuro deste País está nas novas gerações. E, se é uma geração deficiente, se é
uma geração aniquilada por seus problemas físicos e mentais, se é uma geração
de menores ladrões, de menores que são perseguidos pela polícia, de menores que
fogem de tudo e de todos, menores campeões nas corridas pelas ruas de todas as
cidades deste País, não vejo grande esperança, não vejo o que esta Constituinte
pode apresentar. Vai trazer problemas para resolver? Vão trazer alternativas
para resolver os outros problemas? Até posso acreditar, mas o que eu queria
acreditar era que, basicamente, este problema melhorasse, que diminuísse esse
número de menores. Cada vez mais este número aumenta. Ele está assustadoramente
numa cifra elevadíssima e, se nós não resolvermos, se nós não tivermos
soluções, se nós não fizermos das nossas idéias, dos nossos objetivos uma
viabilidade e uma idéia concreta, nós não teremos saída e este País vai para um
caos. No fim do ano estaremos com quantos, 40 milhões, Ver. Aranha Filho? No
ano que vem, com a metade da população? E o futuro desta juventude, dessa
adolescência? E os políticos preocupados em elaborar uma Constituição à sua
maneira? Eu já nem falo, Srs. Vereadores, qual o papel e o que a Constituinte
trará para as mulheres, quais as soluções apresentadas para os negros deste
País; quais as soluções para as outras classes assalariadas deste País. O que
me preocupa, sobremaneira, e em forma prioritária, são esses menores. Porque a
sociedade em que nós vivemos está profundamente separada, profundamente
dividida entre aqueles que têm o seu conforto, as suas comodidades, as suas
soluções e não procuram, não querem, ignoram e se omitem com o outro lado, que
não tem o conforto e nem as soluções.
A minha dúvida, a que lanço agora, e a minha palavra de ordem, de
apelo, é para que esses homens que foram eleitos, e eleitos com uma margem
considerável de votos, se lembrem das crianças de seu País, se lembrem que
nenhum País poderá produzir, nem ser feliz, nem sério, nem País, na expressão
legítima da palavra, enquanto não enfrentar o problema de menores abandonados,
e abandonados pela sociedade, abandonados por nós, pelo poder político,
abandonados porque não há leis que os protejam, abandonados porque as escolas
se fecham e porque os presídios se abrem para esses menores. Realmente, é uma
situação que nos deixa na dúvida, e não sabemos se todas essas campanhas que
estão por aí, inclusive a própria Campanha da Fraternidade, que se iniciou com
a palavra do Papa enviando uma mensagem ao povo brasileiro darão certo; ficamos
em dúvida sobre o que o Governo vai fazer. Um Governo que, inclusive, não quer
pagar as suas dívidas, um Governo que rouba, onde o próprio Ministro Funaro vai
ao exterior e diz: “Quero o dinheiro mas não vou pagar o que devo”. Um País que
não paga o que deve não vai encontrar soluções para os seus menores. Se se omite
nos seus problemas principais, com os seus 36 milhões de menores abandonados,
como é que vai solucionar esse problema? Como o Brasil, gigante pela própria
natureza, se deixa envolver deste jeito? Como vai encontrar soluções um País
que diz, abertamente, que não vai pagar a sua dívida? É um País que não é
sério, que não encontra saída, porque os homens que estão neste Governo, não
são sérios. Um País com 36 milhões de menores abandonados não pode ser
considerado um País que possa ter a sua saída, que procura as suas soluções.
O Sr. Wilson Santos: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Este percentual enorme de menores abandonados é que
faz com que a sua preocupação, o seu pronunciamento se revista de grande
propriedade. Eu só quero registrar que um dia desses estive nessa Tribuna
propondo, já que a Constituinte está instalada, que na nova Constituição se
termine com o monopólio, a exclusividade do Governo Federal de explorar os
jogos, ou seja, a Loteria dos bilhetes, a Loto e a Esportiva e que cada Estado
explore esses jogos fazendo com que a receita, advinda dessa exploração, seja
toda carreada para o menor abandonado, que é uma contribuição prática e
efetiva. Parabenizo-me com V.Exa. pela lembrança do assunto.
A SRA. TERESINHA CHAISE: Agradeço a V.Exa. pelo
aparte, que enriqueceu meu pronunciamento. Mas, enfim, fica aqui, como primeira
intervenção, porque, realmente, é prioritário. Não adianta debatermos nem um
outro problema como habitação, transporte, comida ou educação se não for resolvido,
Ver. Adão Eliseu, o problema do menor. Nós não podemos ficar insensíveis a esse
grito doloroso, angustiante, do menor, que pede pão, que pede casa, que pede
educação e que, se não consegue, ele rouba, ele mata, ele se prostitui, ele se
transforma num futuro presidiário. Nós não poderemos ficar omissos a tudo isso
aí. A Constituinte está aí, o Governo está se vestindo de roupa nova, botando
um veludinho por cima, mas, por baixo, está o andrajo, por baixo, está o
farrapo, por baixo está a chaga, a subnutrição. Por baixo dessa roupa dos
constituintes, desse aparato fabuloso de Brasília, estão os 36 milhões de
menores abandonados que andam pelas ruas deste País à espera de uma solução, à
espera de um aceno, à espera de que a insensibilidade dos Governos seja
quebrada e que para eles descortinem um novo amanhã. É isto que eu desejo, é o
que eu espero. Voltarei, sempre, sempre, ao assunto dos menores, porque, volto
a repetir, este é um assunto prioritário e todos nós não podemos dormir
descansados. Nenhum dos políticos desta Casa e deste País poderá deitar a sua
cabeça, tranqüilamente, e amanhecer o seu dia sem lembrar a grave e angustiante
situação dos menores abandonados neste País. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann (Ausente.); com a palavra o Ver. Jorge
Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Tendo a Mesa uma única representante do PMDB, eu lamento que não
esteja aqui o seu Líder; tem a Ver.ª Jussara, que eu não sei bem se é do PMDB
ou do PCdoB ou de que PC é. Pertence a um partido mas faz ginástica no outro,
joga xadrez no outro, desfila noutra escola, não sei nem qual é a ala, mas é
por aí.
Lendo, hoje, os jornais, vejo que o Deputado Ibsen Pinheiro apanhou,
exatamente, a mesma linha de raciocínio deste Vereador, sobre a ocupação da
Refinaria pelas Forças Armadas. Então, parece-me, e é aí que fica a dúvida, que
o PMDB, nas suas diversas alas, tem um problema muito sério para equacionar na
sua linha de Governo e na sua linha de conduta, porque, nesta Casa, o PMDB está
órfão, não recebe defesa de ninguém e á atacado. O Governo, mais órfão ainda. O
PMDB está órfão de pai. Agora, o Governo está órfão de pai e mãe. E quando o
Vice-Líder do PMDB, na Câmara, usa uma linguagem que eu acho válida, que é
exatamente o que eu falei, eu estranho que o Líder do PMDB nesta Casa, além de
contrariar as iniciativas do Governo pelo seu partido, ainda pede a demissão de
um companheiro de partido seu, de público, da Tribuna, quando deveria tratar
deste assunto internamente, porque eu não tenho amizade com o Dr. Osmar Terra,
mas, se ele é do meu partido, não serei eu quem iria pedir a demissão de um
companheiro. Estas incoerências é que me causam espécie e quando eu vejo nos
jornais o Dep. Ibsen Pinheiro, meu Deputado, meu amigo, ter a mesma linha de
raciocínio que este Vereador, fico contente por saber que, dentro do PMDB, há
pessoas sensatas que procuram, não demagogicamente, defender os interesses do
País. Agora, não sei se por demagogia ou simplesmente para aparecer que, dentro
de um Partido que se considera no Governo, embora eu pense que apenas seja do
Governo e não esteja no Governo...
O Sr. Frederico Barbosa (Aparte
anti-regimental): Isso nós já sabemos de longa data.
O SR. JORGE GOULARTE: Nós já passamos por isso
Vereador. Nós do ex-PDS, eu que era do PDS e V.Exa., Ver. Frederico Barbosa e o
Ver. Hermes Dutra, quando investíamos contra um ato contra o Governo, éramos
criticados e diziam que a responsabilidade, também, era nossa. Agora, neste
momento, a responsabilidade é de quem? A quem pertence o Governo? Afinal, quem
vai fazer essa defesa? Essas observações que faço é estranhando como é que se
pede a demissão de um companheiro sem analisar suas falhas, se é que existem.
Mesmo sem ser do PMDB, hoje, estou a defender o Superintendente do INAMPS, em
nosso Estado, Dr. Osmar Terra. Não vejo motivos para que um companheiro, a não
ser por lutas internas, em âmbito nacional, como se observa Vicente Bogo
defendendo, e Rui Nedel, atacando. Parece-me, então, que há interesses pessoais
a prejudicar um cidadão e, mesmo sem ser meu companheiro, não gosto de
injustiças. Acho que a posição é decorrente de atitudes que merecem reflexão,
porque, ou o PMDB se define como doutrina, como ideologia, como posicionamento,
como programa de governo, de maneira uniforme e racional, ou ninguém vai
entender as posições antagônicas e posições difusas do PMDB.
A Sra. Gladis Mantelli: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Concordo com V.Exa. a respeito do caso do
Superintendente do INAMPS. Acho que V.Exa. tem razão quando coloca que antes de
atacarmos alguém, principalmente um companheiro de Partido, deveríamos aguardar
que fossem apuradas todas as irregularidades, que dizem que o Dr. Terra
cometeu, antes de colocar qualquer postura posterior. Esta é uma questão que
deveria ser discutida a nível interno de partido e não a nível externo, com a
possível punição ou execração, se fosse o caso.
Realmente, discordo da minha Liderança na sua postura no seu
pronunciamento de ontem. Agora, não posso, de modo nenhum, mesmo sendo alguém
do PMDB, não posso determinar a linha que o meu Líder usa, ou não, na Tribuna,
e V.Exa. sabe disto, que as pessoas tem, individualmente tem, teoricamente tem
o direito de se pronunciarem como acharem que devem. Mas concordo com V.Exa.
Quanto à questão das Forças Armadas ocupando as Refinarias, ocupando os
petroleiros, hoje, não discordo da medida, mas acho que ela é arriscada, na
medida em que começamos a possibilitar que se instale uma possível e eventual
justificativa para que as Forças Armadas se sintam responsáveis por todas as
questões econômicas e de segurança dentro deste País. Isso é um riso que,
talvez, nós não estejamos, ainda, em condições de assumir, já que a nossa
democracia é uma democracia muito recente e muito frágil, tanto
institucionalmente quanto economicamente. Então, é um risco que se corre. Acho
que se deve ter um certo cuidado quanto a apologia a respeito de atitudes dessa
forma.
Então, eu não digo que condene a atitude, nobre Vereador, mas ela me
preocupa. Acho uma atitude para este País, em que a forma institucional não
está plena... Como V.Exa. diz, o PMDB ainda não se encontrou no Governo. É uma
postura com bastantes riscos. Isso realmente me preocupa. Agradeço o aparte.
O SR. JORGE GOULARTE: Eu é que agradeço a V.Exa.
Eu tenho uma postura, Vereadora, e os anos que eu tenho nesta Casa provam isso.
Pode ser meu adversário político, mas eu jamais o ataco, e jamais faço a
condenação, antecipadamente, por atos de pessoas sem que haja um julgamento,
sem que haja uma posição bem definida analisando as responsabilidades. Por
outro lado, parece-me, Ver.ª Gladis Mantelli, que o mais importante, e eu disse
aqui da Tribuna, é que as Forças Armadas cumprem ordens, é essa a tônica.
Então, o que queriam os Vereadores ao criticar? Que se rebelassem, que não
assumissem as responsabilidades, que não assumissem as missões para as quais
foram designadas?
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, gostaria, apenas, de colocar para V.Exa. e
ao Plenário, não só o que V.Exa. colocou, mas o que a Ver.ª Gladis Mantelli
também colocou, dois fatos que julgo fundamentais. Em primeiro lugar, isto que
está se procedendo, estas intervenções estão nos livros e na doutrina da Escola
Superior de Guerra. É muito explícito e foi instaurado, exatamente, pelo
Presidente Castelo Branco. Segundo ponto, é que a Vereadora e V.Exa. têm que
levar em conta, juntamente com o Plenário, que o PMDB é um Partido, é uma
frente, mas o Presidente Sarney é híbrido. Rigorosamente, V.Exa. poderia dizer
que ele é oriundo da dissidência do PDS. Aí é que está a dificuldade.
Provavelmente, quando V.Exa. se encontrava nos palanques pedindo as “diretas
já”, ele pedia que não houvesse as “diretas já”. É esta a conotação que eu
queria dar a V.Exa., aditando o que a ilustre Vereadora colocou.
O SR. JORGE GOULARTE: Para encerrar, Sra.
Presidente, ficam as observações que faço, lamentando a ausência do líder do
PMDB e colocando esta posição que, embora não seja companheiro do Sr. Osmar
Terra, acho que ele merece a consideração, especialmente de seus companheiros
de Partido e da comunidade porto-alegrense, gaúcha, porque não se pode condenar
um cidadão, sem uma análise mais profunda de um possível erro ou de uma
omissão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Chaise):
Com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa, por transposição de tempo com o Ver.
Isaac Ainhorn.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, certamente esta é a última quinta-feira antes da troca de Governo
em nosso Estado - o Rio Grande do Sul. Venho à Tribuna para fazer um discurso e
pronunciamento de cunho extremamente pessoal. Acho que a três dias da mudança
de Governo, não poderia - quando muitos esquecem aquele que está saindo -
deixar de fazer uma referência ao Governador que deixa o Palácio Piratini, o
Gov. Jair de Oliveira Soares. E venho à Tribuna para falar a este respeito, com
um motivo - como disse - extremamente pessoal, porque acompanho o político Jair
Soares desde o inicio de sua carreira. Eis que um pouco mais moço que ele,
estive ao seu lado por amizade, herdada de meu pai, no tempo de Assembléia
Legislativa, e a partir de 1968, como seu colega, pertencendo ao quadro
funcional da Assembléia Legislativa do RS. Vi Jair Soares passar pela área da
Odontologia da Assembléia, pela Chefia de Gabinete, depois, saindo da
Assembléia, pelo DECAM, pela Secretaria da Administração, pela Secretaria da
Saúde em duas oportunidades, como Dep. Federal eleito, brilhantemente, pelo
Estado do RS, como Ministro da Previdência Social deste País e, depois, sabendo
o que iria enfrentar, com todos os problemas inerentes que o Estado do Rio
Grande do Sul tem, uma Administração difícil, o Gov. Jair Soares, que domingo
deixa o Governo, enfrentou uma Convenção brilhante, dando um exemplo a este
Estado, numa prévia à Convenção. Depois concorreu a uma eleição também
brilhante, derrotando seus adversários e tornando-se, na nova política
brasileira, Governador eleito deste Estado. Estou no PFL por convite do Gov.
Jair Soares, meu amigo, a quem atendi de imediato. Graças ao seu convite, tive
a agradável convivência dos Vereadores que compõem a Bancada do PFL, fazendo
com que eu pudesse me sentir muito à vontade, como me sentia, no PDS, quando
compunha sua Bancada, muito à vontade, também, no novo partido, pelo qual
optei, a partir de março do ano passado. O ano de 1986 deixou-me extremamente
satisfeito em termos pessoais pela atuação da Bancada e por poder integrar esta
Bancada, a convite do amigo, do companheiro, do Governador do Estado Jair de
Oliveira Soares.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Frederico Barbosa, V.Exa. aborda, com muita
propriedade, esta problemática de substituição do 1º mandatário do Rio Grande
do Sul que, no domingo próximo, no Palácio Piratini, mudará a sua chefia.
Analisa, também, o comportamento do Gov. Jair Soares que, como nosso
companheiro, realmente, administrou dificuldades. Este é um fato corrente,
aliás, não só privilégio do RS, mas dos demais Estados. Assume um novo
Governador, eleito pelo povo também, o Gov. Pedro Simon que nós acreditamos, e
até fazemos votos, que se dê às mil maravilhas à testa do Governo Estadual.
Digo isto porque acompanhamos, como companheiros, o Governo de Jair Soares que,
realmente, administrou dificuldades, e o Gov. Pedro Simon não fugirá à regra.
Deverá, também, administrar dificuldades, razão pela qual eu faço coro com
V.Exa. na medida em que cumprimenta o Gov. Jair Soares pela sua administração e
por estes quatro anos à testa do Executivo Estadual e ao mesmo tempo auguro
votos de sucesso ao novo Governador do Estado, Sen. Pedro Simon. Aproveito,
portanto, o seu pronunciamento e faço coro a ele.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o aparte de V.Exa.
que muita honra o meu pronunciamento e continuo, Ver. Aranha Filho, a deixar
absolutamente claro que não poderia, de forma nenhuma, deixar transcorrer o dia
15 de março, ou seja, o dia marcado para a saída do Gov. Jair Soares do período
em que, eleito pelo povo do RS, Governo u o nosso Estado, e dizer que sou
extremamente agradecido à oportunidade que o convite do Gov. Jair Soares, para
o meu ingresso no PFL, me proporcionou, que foi o convívio com esta Bancada tão
unida. Sinto-me extremamente honrado e muito feliz em ter aceitado o convite
daquele que, muito antes de ser o Governador do Estado do RS por quatro anos,
era o amigo que não negou, em nenhuma oportunidade em que a ele me dirigi, o
seu apoio, sem que isso implicasse, necessariamente, ter resolvido todos os
problemas que enfrentou. Foi a administração de uma série de problemas, numa
época extremamente difícil de se administrar, principalmente um Estado com
tantos problemas complexos como o Estado do RS.
Quero deixar, de público, o meu agradecimento ao apoio que sempre
recebi do homem, hoje, ainda, Governador do RS, Jair de Oliveira Soares, e
dizer que, assim como o acompanhei em tantas jornadas, espero ter a
oportunidade de acompanhá-lo em outras, para que o RS não deixe de ter um homem
da índole de Jair Soares trabalhando pela política de nosso Estado.
Recebi, assim como tenho certeza de que V.Exa. também recebeu, Ver.
Aranha Filho, uma correspondência do Gov. Jair Soares que resume, em duas
laudas de despedida aos companheiros, no momento em que deixa o Governo do
Estado, tudo aquilo que é, sem dúvida nenhuma, conhecido pela população do RS e
do Brasil. Fez, durante 4 anos, aquela profissão de fé que todos nós
conhecemos. Trabalhou. Fez do trabalho do seu dia-a-dia um incansável agir, de
forma a melhorar as condições do Rio Grande. Assim como todos nós o conhecemos
- divergências colocadas à parte de quem as tiver - a figura do homem público
Jair Soares, que sabe que acima do trabalho não existe outra coisa, e fez dessa
afirmação e desse resumo de quatro anos, “apenas trabalho”, aquilo que sempre
fez em todas as funções por que passou no Estado e no País .
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Somo-me a V.Exa. no seu pronunciamento e peço que
fale em meu próprio nome, porque comungamos dessa amizade que permanece. E
deve-se ressaltar, nesse momento em que Jair Soares deixa o Governo, a sua
elegância, a sua postura de político autêntico que, com muita grandeza, com
muita clareza, com transparência, me socorre o Ver. Clóvis Brum - e saliento a
palavra do Ver. Clóvis Brum que, como Líder do PMDB acha que o Governo de Jair
Soares foi transparente - passa o Governo a Pedro Simon e encerra o Governo de maneira
nobre, o que merece os elogios de todos, principalmente dos seus amigos como
nós. Muito obrigado.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço a V.Exa. pelo
aparte e digo que V.Exa. conclui o meu pronunciamento. Realmente, assim como
desejei, em cunho estritamente pessoal, trazer de público o meu agradecimento
ao homem Jair de Oliveira Soares e ao Governador do Estado do RS, que deixa,
dentro de três dias, o Palácio Piratini, V.Exa. coloca mais um item no meu
pronunciamento, a transparência, a clareza e a objetividade com que, tratando
dos problemas do Rio Grande, entrega o Governo do Estado ao Governador eleito
Pedro Simon, que todos nós desejamos, independentemente de divergências
partidárias, tenha um Governo que, certamente, também, enfrentará problemas, mas
um Governo que venha a beneficiar a população do Estado do Rio Grande do Sul.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Na minha intervenção de ontem deixei clara a posição da Liderança
da Bancada com relação ao problema amplamente divulgado pela Imprensa, e que
envolve fraudes e irregularidades na área da Previdência Social. Não posso me
perfilar entre aqueles que, no passado, nesta mesma Casa, cruzavam os braços,
diziam amém, ficavam de cócoras para as irregularidades que tomavam conta de
todos os quadrantes da vida deste País. Sou um homem de partido, acima de tudo,
mas nunca acima dos altos interesses da população. Acho que o nosso trabalhador
com muito sacrifício paga sagradamente a Previdência Social e aquele que não
paga não recebe os benefícios da Previdência. E mais: a Previdência não anda
bem neste País, não está atendendo como deveria ou como imagina o Ministério da
Previdência que deveria ser atendido. Acho que a Previdência tem que avançar.
Temos defendido que não é fácil mudar as coisas que tomaram outros rumos
durante 22 anos. Está se fazendo um grande esforço no sentido de encontrar as
melhores soluções para a população brasileira. Mas nada disso me demove da
clareza de dizer que nenhuma Liderança nesta Casa, que nenhum Vereador nesta
Casa vai cobrar deste Vereador e deste Líder, enquanto Líder, sua omissão
diante de um farto material publicado na Imprensa, que envolve falsificação de
assinaturas, orçamentos frios, denúncias que ocupavam a Imprensa, há quase dois
meses, como foi a denúncia do Grupo Hospitalar Conceição. A Previdência deve
uma explicação àqueles que pagam sagradamente a sua contribuição, sobre as
irregularidades do Grupo Hospitalar Conceição, que até hoje não se tem resposta
alguma e, agora, sobre o festival aí denunciado, não por este Vereador, mas
pelo ex-Superintendente do INAMPS, pelo Dep. Federal do meu partido, Rui Nedel,
que denunciou o festival de diárias pagas por um setor que atenderia no
litoral.
Além disso, o Diretor do Hospital Presidente Vargas, que faz uma série
de denúncias, e que é rebatido pelo Superintendente do INAMPS no Rio Grande do
Sul e recebe do Superintendente, também, uma série de denúncias de que o
Hospital não vai bem, vai muito mal, isto, eu não aceito. Não aceito que o
Superintendente vá dizer que o Hospital está funcionando mal. Ele esteve tempo
de corrigir o mau funcionamento do Hospital. Por isso, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, como Líder do PMDB, deixo clara a minha posição, para evitar que
outras Lideranças cobrem deste Vereador o seu silêncio ou a sua omissão. Não
houve silêncio, não houve omissão, não houve conivência deste Vereador. Nós
vimos à Tribuna e pedimos, sim, que essas autoridades fossem afastadas enquanto
a sindicância realizasse o seu trabalho para evitar que o denunciado ou
denunciante passasse a instruir uma sindicância ou a influenciar a sindicância.
Portanto, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, reafirmo aqui a minha posição de
ver devidamente esclarecida a inoperância, a incompetência de funcionamento do
Hospital Presidente Vargas e, também, essa história de falsificação de
assinaturas, de orçamentos frios feita pela Secretaria de Planejamento do
INAMPS. E mais: providências que deveriam ser tomadas pelo Sr. Superintendente
com relação à ampliação de leitos no Hospital Pres. Vargas e que não o foram na
época oportuna e que só agora aparece ao conhecimento público.
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, as coisas do povo não podem ser
tratadas no silêncio da salas. Devem ser tratadas, como disseram agora o
próprio Ver. Frederico Barbosa e o Ver. Jorge Goularte, com transparência com
grandeza, com amplo esclarecimento popular. Nós temos um Governo que vai tomar
posse no próximo dia 15 e a meta principal do Gov. Pedro Simon será “o povo no
Governo”, a moralização, enfim. Como é que o povo vai participar do Governo se
o povo sequer é informado das irregularidades que começam a ocorrer na Nova
República? Não, a Nova República não vai dar tréguas para a corrupção, para as
irregularidades. Enquanto este Vereador sentir, através da Imprensa, por
informação da população, pela voz de um contribuinte que nos paga, um indício
de irregularidade, a denúncia será permanente nesta Tribuna, doa a quem doer.
Não estamos aí para acobertar irregularidades, não estamos aí para acobertar
falsificação de assinaturas, não estamos aí para acobertar fraudes, queremos
uma Nova República transparente, queremos o que Tancredo preconizou, a
transparência e a participação do povo. Queremos o que dissemos em praça
pública na campanha de Pedro Simon, queremos a participação do povo. E só se
dará a participação do povo, só se dará a transparência nos atos públicos com
amplo e cabal esclarecimento.
Continuo, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, com a esperança de que
estas coisas que me constrangem e que me envergonham, que estão ocorrendo no
INAMPS sejam definitivamente esclarecidas. Que o Sr. Presidente do INAMPS do
Rio de Janeiro não fique irritado, não, porque ele é pago pelo povo para
administrar os salários dos trabalhadores da Previdência Social. O Sr. Ézio,
presidente do INAMPS, que vai receber, na manhã de hoje, um telex deste
Vereador, em protesto, e não vai ficando irritadinho, não, ele é funcionário da
Nova República para moralizar, ele é empregado do povo sim. O Dr. Ézio é
empregado do povo para moralizar, para atender os segurados da Previdência, não
é para ficar irritadinho. Quando alguém denuncia corrupção neste País, alguém
se irrita. Se o Dr. Ézio está irritadinho, que largue a Presidência do INAMPS,
que largue o emprego. A Nova República é do povo. Terminou o País dos coronéis,
terminou o País dos generais. Este é o País do povo, este é o País do qual o
povo vai participar. Não será o Dr. Ézio, não será ninguém que está envolvido
em problemas que merecem esclarecimentos. Tem mais é que explicar para o povo o
que está ocorrendo. A obrigação do Dr. Ézio é de dar esclarecimentos
definitivos sobre esse assunto. Não silenciarei um só minuto enquanto fatos como
esses ocorrem na Administração Pública quer na Nova República, a nível Federal,
quer no Governo do Estado ou do Governo do Município. Não teria eu moral para
chegar aqui e cobrar irregularidades na área Municipal, enquanto que na área
Federal os jornais ocupam duas, três, quatro ou cinco páginas sobre tais fatos.
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, estou constrangido. Só sairei desse
constrangimento, como Líder do PMDB, na Câmara, no momento em que o Dr. Ézio,
Presidente do INAMPS, der um cabal esclarecimento, o qual deverá ser
transparente, ao seu patrão, que é o povo brasileiro. São seus patrões os
trabalhadores brasileiros que contribuem para a Previdência Social. Esses estão
a esperar de seu funcionário, Dr. Ézio, Presidente do INAMPS, um esclarecimento
sério, objetivo e correto sobre todas as falcatruas denunciadas pela Imprensa
no campo da Previdência Social. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, por transposição de tempo, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, a presença deste Vereador na manhã de hoje, nesta Tribuna , deve-se
ao fato, a uma situação que alguns meses mantém-se dentro de certos padrões de
inalterabilidade. Mais especialmente, Sra. Presidente, curiosamente a partir do
dia 15 de novembro do ano passado. O assunto que pretendo examinar, na manhã de
hoje, é com relação aos juros mercantis, aos juros e taxas bancárias, embora o
Governo, o Sr. Min. da Fazenda - Dilson Funaro e o Presidente do Banco Central
tenham anunciado a redução dos juros. Podemos até dizer que reduziram,
realmente, Ver. Aranha Filho. Os juros não estão mais na base de 30% ao mês,
como estiveram há 15 dias atrás. Hoje, os juros bancários estão na base de 25%
ao mês. No Banco do Brasil, nas operações de descontos de duplicatas mercantis,
este Banco é que tem as melhores taxas para aqueles que vão descontar os
títulos, os empresários. Eles conseguem ter taxas de descontos e, no Banco do
Brasil, hoje, eles estão pagando juros na base de 20,5%. Esta é a realidade. E
o Sr. Ministro da Fazenda anuncia que obteve uma redução de juros. Realmente,
houve uma redução de juros, de 30% para 21%. Mas, na realidade, os juros não
baixaram para os níveis compatíveis daqueles que buscam os recursos financeiros
necessários para produzirem. E ninguém pode produzir, quer industrialmente,
quer agricolamente, pagando estas taxas de juros. Nenhuma atividade produtiva,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, resiste aos patamares das taxas de juros
hoje, usualmente, e empregadas pelas instituições do sistema financeiro
nacional, quer públicas ou privadas. E este Governo prometeu o incentivo à
atividade produtiva e anunciou, quando da implantação do Plano Cruzado, que,
finalmente, havia cessado a especulação financeira, e que agora, sim, o Governo
havia implantado o retorno às atividades produtivas, através da cobrança de
juros compatíveis com as mesmas. E é inquestionável que, por alguns meses, mais
especificamente de 1º de março a 15 de novembro, o Governo, realmente,
conseguiu estabelecer patamares de juros em níveis compatíveis com a atividade
produtiva, na base de 1%, 2% e 3%. Diga-se de passagem que, hoje, a taxa de
rentabilidade do capital dos Estados Unidos baixou de 8 para 5,5%. Registre-se
que estas mesmas taxas, nestes mesmos níveis de 5 a 7%, são as taxas, da
cobrança de juros, dos País es europeus, e, também, em País es que têm dívidas
externas e que aplicaram planos semelhantes ao do Cruzado, em mais tempo do que
no nosso País , mas o fizeram através de um pacto com todos os segmentos e
classes sociais, como na Argentina e no Estado de Israel. Os níveis de taxas de
juros jamais chegaram aos níveis que, hoje, se vive em termos de Brasil. É
possível desenvolver alguma atividade produtiva na base de juros bancários que
se reduziram de 30 para 20%? Se algum empresário, ou até uma pessoa física,
procurar uma instituição financeira hoje para fazer uma operação de crédito de
Cz$ 100.000,00, na base dos juros do mercado de hoje, ele tem que dar dinheiro
a esta instituição. Pode ser força de expressão, mas nos níveis de juros, hoje,
existentes, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, se for
feito um empréstimo de Cz$ 100.000,00, por 90 dias, com cobrança de juros
antecipada, que é a prática usual dos estabelecimentos financeiros do Brasil,
ela receberá Cz$ 30.000,00. Cz$ 70.000,00, Vereador, já serão cobrados,
antecipadamente, a título de juros e imposto sobre operações financeiras. O
somatório dá exatamente isso. Do capital de Cz$ 100.000,00 retira-se Cz$
70.000,00 para pagar os juros e credita-se, na conta corrente de uma pessoa
jurídica, ou de uma pessoa física, Cz$ 30.000,00 devendo o prestamista, ao
final dos 90 dias, pagar Cz$ 100.000,00. Não existe na atividade produtiva, não
existe na área industrial, na área agrícola, possibilidade para se desenvolver
qualquer atividade enfrentando estas taxas do mercado financeiro nacional, nos
dias atuais. E quem, em nível de pessoa física recorrer, hoje, aos empréstimos
bancários, está liqüidado, está condenado a insolvência civil. É o único
caminho que resta para quem tiver a necessidade, e não são poucas as pessoas
que são obrigadas a recorrer a empréstimos para o equilíbrio de suas finanças
familiares e, se recorrerem o seu caminho é, inegavelmente, a condição de
insolventes, devendo a mesma ser requerida, e se não requererem, ela será
decretada por terceiros, pelos seus credores. Não resta dúvida, Ver. Martim
Aranha, que estamos frente a um quadro de agiotagem oficializada. E, de outro
lado, os Bancos, após a implantação do Plano Cruzado, quando os juros baixaram
para 1%, 2% e 3%, pediram ao Banco Central para que implantassem tarifas sobre
os serviços prestados pelas instituições financeiras e o Banco Central, através
de uma resolução, permitiu que todos os serviços bancários fossem cobrados. E
continua a cobrar, a despeito de indicações, desta e de tantas outras Casas
Legislativas do nosso País, a despeito de intervenção de Deputados Federais,
que se dirigiram ao Banco Central, no sentido de buscar a revogação destas
tarifas, sobre os serviços bancários, em função do aumento das taxas de juros.
Infelizmente, até hoje, as instituições financeiras estão cobrando as
taxas e as tarifas sobre os serviços prestados, desde o talão de cheque até o
pagamento de uma conta de luz, tudo é cobrado. Medida esta que foi implantada,
que foi criada, quando da implantação do Plano Cruzado, sob a alegação de que
os juros baixaram, e os juros, agora, foram a patamares insuportáveis e se
continua convivendo; novamente, com aquilo que se criou: as chamadas tarifas
para serviços bancários. Não sei, sinceramente, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores onde vamos parar, porque, com um barulho todo destes, é impossível
que possamos encontrar uma saída satisfatória. Vejo com enorme preocupação o
quadro econômico e financeiro de nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Pela ordem, Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Deverá chegar a esta Casa, amanhã, o Ofício n.º 129, do Sr.
Prefeito Municipal, que encaminha o Projeto de Lei que concede aumento de
vencimentos aos funcionários da Adm. Centralizada e Autarquias do Município e
naturalmente aos da Câmara Municipal, e dá outras providências.
Este Projeto de Lei, cuja cópia já distribuímos às Lideranças com
assento na Câmara, concede um percentual de aumento de 37%, que somado ao
aumento já concedido de 10%, a partir de setembro p.p., soma 50,7%. É este
aumento de vencimentos que incide exatamente sobre os cargos em comissão, e que
dá, também, Cz$ 1.710,30 como vencimento mínimo, no Município. Nós sabemos,
Srs. Vereadores, que hoje o funcionalismo, após um período grave em que os
prefeitos, os governadores não eram eleitos, sofre as conseqüências de más
administrações que antecederam a abertura democrática. O atual Prefeito, Alceu
Collares, encontrou a Prefeitura Municipal em sérias dificuldades, que foram
resultado de muitas administrações, não apenas de uma e, naturalmente, as
colocações políticas dentro do contexto, o partido político a que pertence o
Prefeito Municipal, que não coincide com o partido do Governador e do
Presidente da República, faz com que o Prefeito Municipal de Porto Alegre, como
os demais prefeitos da mesma situação política, passem a usar apenas os
recursos de arrecadação da Prefeitura Municipal, como adiantamento dos seus
gastos e compromissos. Reconhecidamente o Sr. Prefeito Municipal, como
Vereador, nesta Casa, como Deputado em muitas Legislaturas, como especialista
na matéria trabalhista, e escolhido pela Imprensa Nacional como melhor
Deputado, em diversas oportunidades, gostaria de dar muito além disso, se
houvesse um respaldo monetário da burra municipal. Vejam, por exemplo, Srs.
Vereadores, o Governador recentemente eleito e que tomará posse no domingo:
qual é a tônica dos discursos e das declarações de S.Exa. todos os dias, em
todos os jornais? É, exatamente, as dificuldades de pagamento do funcionalismo
pelo inchaço que sofreu nos últimos anos. Parece-me que a preocupação, quanto
ao funcionalismo, não tem sido, até agora, da qualidade mas da quantidade, o
que dificulta, nessas ocasiões, o percentual de aumento a ser concedido.
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Cleom Guatimozim, sem entrar no mérito das
considerações que V.Exa. está emitindo, me permitiria colocar a V.Exa. que é
Líder do PDT, e aos Líderes presentes, neste momento, dos outros partidos, que
pedi ao Sr. Diretor Legislativo que estabelecesse um cronograma de trabalho
para a próxima semana, ou seja, já colocando no Expediente de segunda-feira
essa matéria e estabelecendo um cronograma a ser distribuído a todas as
Lideranças, no sentido de votarmos a matéria com a maior urgência possível. Ao
mesmo tempo, encareceríamos a V.Exa., se houvesse esse consenso das Lideranças
da Casa, que V.Exa. comunicasse ao Sr. Secretário da Administração que a Casa
tomará medida rápida. Fundamento a minha orientação, Sr. Orador e Líder do PDT,
sem discutir o “quantum” do aumento que não é nesse momento o meu intuito, mas
é, sobretudo, pelo custo de vida que está aumentando mensalmente 20%, 15%, e
que seria uma grande perda para os funcionários se eles não viessem a receber,
ainda, neste mês corrente. Mas ficará a decisão final com as Lideranças da
Casa. Apenas o Sr. Diretor Legislativo apresentará um cronograma que
viabilizaria esta votação que V.Exa. está se referindo.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu recolho o aparte do
Presidente da Casa que em última hipótese foi um apelo às Lideranças da pressa
e os motivos de que nós devemos votar, rapidamente, este Projeto. Comunicaria,
também, ao Presidente que, procurando adiantar o trabalho, nós distribuímos às
Lideranças aqui presentes uma cópia do Projeto que chegará hoje à tarde, ou
talvez amanhã, para que os Líderes tivessem a oportunidade de tomar
conhecimento do texto bem antes de chegar a esta Casa e, inclusive, estudá-lo
como deve ser feito por cada um dos Srs. Vereadores.
Eu dizia, Srs. Vereadores, que a preocupação do Governador agora eleito,
Senador Pedro Simon, não tem sido outra senão aquela influência que o
vencimento do funcionalismo representa no orçamento mensal e anual do Estado e
o seu percentual sobre a arrecadação, principalmente o ICM, que é a maior fonte
de arrecadação tanto do Estado como da Prefeitura Municipal, já que meio
orçamento da Prefeitura são recursos oriundos do ICM. Verifica-se, Srs.
Vereadores, que o funcionalismo municipal, com o qual já convivo há quase um
quarto de século, justamente nesta Câmara, são funcionários - inclusive por
formarem um quadro bem diminuto em relação ao Estado, enquanto o Estado tem 200
mil funcionários, a Prefeitura deve ter uns 13 mil funcionários - que tem
carregado esta Prefeitura. É um funcionalismo que tem compreendido os problemas
da Prefeitura Municipal e agora em que há, inclusive, a possibilidade de uma
paralisação no dia 18, pelo percentual concedido, nós gostaríamos de fazer um
apelo ao funcionalismo e dizer que uma das greves feitas prejudicou,
barbaramente, a arrecadação.
Vejam que os meses de janeiro, fevereiro, até 15 de março, são os meses
das vacas magras, porque não há arrecadação ou a arrecadação é muito pouca,
porque o cidadão faz um veraneio e deixa o pagamento para após 15 de março, que
é quando a arrecadação, tanto do Município como do Estado, passa a tornar-se
regular em relação ao ano em que está vigendo o orçamento.
Então, neste ano, a Prefeitura começa a arrecadar e, não havendo
possibilidade de arrecadação, uma retribuição ao funcionário torna-se mais
difícil. Eu não sou partidário do “pouco mas certo,” porque todos precisam
ganhar dignamente e nós sabemos que, hoje, o funcionário público perdeu parte
do prestígio que tinha, pois eu lembro, Senhores Vereadores, quando eu era
criança, meu pai dizia: “ali mora um funcionário público”. E o funcionário
público era visto com admiração e com respeito. Hoje, o funcionário público
perdeu o prestígio já pelo próprio salário que recebe. Mas a Administração
Alceu Collares está dando, exatamente, aquilo que pode dar, aquilo que permitem
os cofres Municipais. E façam uma comparação, uma analogia com as dificuldades
que está tendo o Governador e, até, ele reconhece o desgaste político das
providências que vai tomar no seio do funcionalismo, que já ganha pouco. Feita
essa analogia, queremos dizer da vantagem que aí está: de um Governo
democrático, eleito pelo povo e sempre disposto a examinar os problemas e a
acatar, democraticamente, as greves, que é um direito dos funcionários. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt, em tempo de Liderança, por cinco
minutos, sem apartes.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, recebemos cópia do Projeto do Executivo, não de aumento, mas de
humilhação ao funcionalismo municipal. Agradecemos ao Vereador, Líder da
Bancada do PDT, o envio da cópia do Projeto, que é uma demonstração de
consideração à nossa Bancada. Por outro lado, queremos discordar da posição de
S.Exa. expressa neste momento, em Comunicação, porque, na verdade, entendemos
que o Executivo Municipal usa de dois pesos e duas medidas.
O Executivo envia, ao primeiro escalão, ou seja, ao Srs. Secretários,
ao Sr. Procurador Municipal e algumas outras autoridades, um Projeto de Lei a
esta Casa, dando um aumento extremamente significativo àqueles funcionários.
Aos escalões inferiores, envia um Projeto bem menor que, do ponto de vista da
justiça social, ele é ainda pior do que a realidade que a Nova República
realiza neste País, em termos de política salarial.
Concordamos com o Ver. Cleom Guatimozim quanto ao problema de que há
uma crise, tanto nas finanças Municipais quanto estaduais. Mas deve-se deixar
claro que a crise nas finanças estaduais advém de um período ditatorial, de
péssimas administrações e, evidentemente, de uma óbvia incapacidade do
Governador hoje retirante, Jair Soares, de encaminhar a dívida do Estado.
É de se perguntar por que, por exemplo, o Estado da Bahia, que é um
Estado que enfrentaria, de certa maneira, maiores problemas que o Rio Grande do
Sul (é maior em dimensões geográficas, é um Estado com maiores problemas, pois
enfrentou no ano passado problemas de seca e de enchentes), foi capaz de
solucionar as finanças nos dois primeiros anos da Administração Estadual, e no
ano retrasado já tinha superávit em seu orçamento, de tal maneira que era o
único Estado do Brasil a encontrar-se em dia com seus fornecedores?
Ao contrário, o Estado do Rio Grande do Sul, segundo uma denúncia ainda
recente, encampada pelo novo Governador Pedro Simon, teve que fazer um novo
empréstimo no valor de 500 milhões de cruzados para poder pagar fornecedores e,
sobretudo, empreiteiros, que ameaçavam paralisar obras que, evidentemente, o
Dr. Jair Soares quer inaugurar, ainda, antes do dia 15 de março. É a velha
política de auto badalação. Esta é uma questão que deve ser encarada com
clareza. Não basta dizer que é uma crise, tem que se saber de onde ela vem e
como pode ser solucionada. No caso do Estado, a solução parece-me óbvia: de um
lado a rolagem da dívida, de outro lado, uma decisão que eu espero que ocorra,
por parte do Governador Pedro Simon, de retirar os “marajás” da Administração
Estadual, inclusive incrustados no Judiciário. Comentávamos um outro dia: os
Srs. Promotores, os Srs. Juízes têm salários que chegam, hoje, a mais de Cz$
100.000,00, e trarão, talvez, o maior problema para o novo Gov. Pedro Simon,
que é o controle dos salários. Se nós diminuirmos dessa minoria que pouco
trabalha, por certo vai sobrar para a que muito trabalha. Parece-me que esse
problema é igual na Administração Pública Municipal. É de se levantar, por
exemplo, por que a Prefeitura paga mais para a Procempa, para fazer o serviço
de computação, do que qualquer outra empresa de computação cobraria, da mesma
Prefeitura. Por que o serviço da Procempa é mais caro, sendo ela própria uma
empresa municipal? É de se perguntar, por exemplo, por que não se cobram as
dívidas de tantas empresas que devem ao fisco municipal, com um controle, com
uma pressão mais eficiente para execução dessa dívida, inclusive junto ao
Judiciário? É de se perguntar, enfim, para encerrar, Sr. Presidente, por que
não se faz uma revisão urgente nos CCs e FGs da Prefeitura Municipal, em todos
os níveis, e não se premia, efetivamente, a quem trabalha ao invés de manter
alguns privilégios? Não adianta dizer que não se tem dinheiro para pagar. Esta
frase eu ouço ao longo dos vinte e dois anos de ditadura. Sempre foi a mesma
frase. Não adianta dizer que têm que se esperar maior arrecadação. Retorno à
tecla que tenho tocado várias vezes aqui: funcionário mal pago é funcionário
descontente. Funcionário descontente presta mau serviço à Administração e à
Cidade. Acho que é isto que a assessoria do Prefeito Alceu Collares ainda não
lhe disse, e ele não se deu conta; está na hora dele se dar conta.
Se ele quiser aumentar a qualidade e, em conseqüência, a própria
arrecadação municipal, ele tem que, primeiro, aumentar o contentamento do
funcionalismo público municipal. Então não adianta dizer que não tem dinheiro,
tem que se buscar este dinheiro. Tem que se controlar a qualidade deste
trabalho. E tem, então, que se ampliar a arrecadação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Pela ordem, com a palavra a Ver.ª Jussara Cony, pelo tempo que lhe cede a Ver.ª
Gladis Mantelli. V.Exa. tem dez minutos, em Comunicações.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, poderíamos deixar de ocupar esta Tribuna , no dia de hoje, tendo em
vista pronunciamento feito, desde ontem, pelo Líder da Bancada do PMDB, Ver.
Clóvis Brum, Bancada à qual pertencemos, em relação ao caso INAMPS, Rio Grande
do Sul. Até porque, como profissional de saúde, Vereadora desta cidade,
Presidente da COSMAM desta Câmara, que faz parte da Comissão Municipal
Interinstitucional de Saúde, que traça as ações de saúde para a cidade, sou
testemunha da atuação da atual superintendência do INAMPS, frente às questões
de saúde e assistência no RS. A atuação, que passa pela implantação, aqui, no
nosso Estado, de decisões de novos rumos da saúde do nosso País, decisões da 8ª
Conferência Nacional de Saúde que, pela primeira vez, contou com a participação
de mais de cinco mil profissionais, ligados à área de saúde e entidades
representativas da sociedade. O que, aliás, está incomodando muita gente,
principalmente ao setor privado, que tem todo um sistema de corrupção
institucionalizado neste País, que se reflete também na área da saúde,
beneficiando-se, durante muito tempo, da doença da população brasileira. Também
como testemunha, atuante na área de saúde do Movimento Mulheres, do que ocorreu
no RS e que só ocorreu aqui, em termos de todo o País, que foi a participação
efetiva das mulheres ao traçar o Plano de Assistência Integrada à Saúde da
Mulher, exatamente pela receptividade da atual Superintendência à participação
dos movimentos populares e do povo nas definições das ações de saúde. O que
também incomoda aos mesmos setores que vem, de há muito, se locupletando com a
doença da nossa população. Acho extremamente importante, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nos colocarmos nesta Tribuna, e nesta Tribuna lermos, antes de mais
nada, o Ofício Circular do Sr. Osmar Terra, Superintendente Regional do INAMPS,
encaminhado a diversas Lideranças do Partido: (Lê.) “Estamos enviando, em
anexo, nota a respeito das denúncias formuladas à Imprensa pelo Deputado
Federal Rui Nedel. Acompanha, também, um demonstrativo da operação de horas
gastas e a justificativa de suas necessidades. É de lamentar, no entanto, que,
sendo este Superintendente membro do PMDB, e indicado por nosso Partido a
ocupar um cargo de maior importância, tenha que fazer defesa e debate na
Imprensa de acusações que, diga-se de passagem, infundadas, formuladas por um
companheiro de Partido, diretamente aos órgãos de comunicação. Esta Superintendência
tem pautado sua atuação pela transparência e pelo combate incansável às
fraudes, mantendo-se, permanentemente, aberta ao diálogo com nossos
correligionários. O nosso Partido tem diversas instâncias, e esta discussão
poderia ter sido feita dentro do próprio Partido, evitando-se, desta maneira, o
desgaste público da Administração do PMDB, principalmente neste momento
histórico, em que nos preparamos para depois de vinte e cinco anos, ocuparmos o
Governo do Estado. Atenciosamente, Osmar Terra, Superintendente Regional do
INAMPS”.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aí está a questão de fundo;
exatamente o que colocávamos no início do pronunciamento, como testemunho da
implantação das Ações Integradas de Saúde no RS e do Plano de Assistência Integral
da Saúde da Mulher, com Presidente da COSMAM desta Casa e que participa das
Ações Interinstitucionais Municipais de Saúde, junto com diversos setores,
inclusive com a SMSSS deste Município. A questão de fundo, repito, são os
interesses empresariais e de grupos que sempre se locupletaram com a doença do
nosso povo e que lucraram com isto. O INAMPS do RS tem um orçamento maior do
que o Estado do Sergipe: três bilhões e quinhentos milhões de cruzados! Deste
orçamento, mais de 70% é pago exatamente ao setor privado. Então se cristalizou
- não apenas no RS, mas em todo o nosso País, porque isto não é uma questão só
do RS - um sistema de corrupção e de fraude. Mais de duzentos milhões de
cruzados, por mês, são pagos ao setor privado e de que maneira? Sem nenhum
controle. E aí está a questão de fundo. Quem montou o sistema de fiscalização e
de processo contra estas fraudes, com comissões de inquérito que ainda estão
trabalhando, foi exatamente o atual Superintendente, Dr. Osmar Terra.
Naturalmente que isto incomoda. Eu fico, como membro da Bancada do PMDB, nesta
Casa, Vereadora deste Partido, atuante direta na área da saúde, friso,
novamente, ao Presidente da COSMAM que tem participado ativamente das questões
de saúde, das Ações Integradas de Saúde, eu fico, com este testemunho, - de um
lado do combate à corrupção, de outro da oportunidade da participação do povo
nas decisões de saúde no nosso País, no nosso Estado, na nossa Cidade - com o
posicionamento do Deputado Federal, recentemente eleito com ampla votação do
sindicalismo rural, companheiro de luta, do PMDB, Vicente Bogo: “O que está
acontecendo é um verdadeiro ‘lobby’ para desarticular a atuação de Osmar Terra
frente à Superintendência Regional do INAMPS, porque ele representa setores
progressistas do PMDB, que combate à corrupção e oportuniza a participação do
povo nas decisões”.
Está ocorrendo uma mudança na área de saúde que não agrada aos
conservadores e nem às pessoas ligadas às fraudes cometidas anteriormente.
“Existe uma verdadeira guerra no interior do INAMPS Regional”, disse o Dep.
Vicente Bogo. Já que as Ações Integradas de Saúde: Plano de Operacionalização
dos Serviços do Órgão que tenha a participação da comunidade mexe com os
interesses de setores médico-hospitalares, que, aliás, vem se beneficiando há
muito tempo com a doença do nosso povo.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereadora, quero ser sincero e dizer que não pretendo
me aproveitar politicamente da manifestação que V.Exa. faz e que é elogiável.
Queria acrescentar que o Governo está dando muito pouco cuidado a este problema
de saúde do povo brasileiro. Nós mandamos um telex desta Casa, ao Ministro da
Saúde, dizendo que a multinacional Golden Cross aumentou suas mensalidades em
mais de 100% e mandamos cópias dos carnês. Agora, passados aproximadamente três
meses, recebemos cartas de três Ministros, que posso mostrar a V.Exa., e cada
um deles dizendo que: “Não é comigo”. O da Saúde diz que é do Planejamento, o
do Planejamento diz que é da Fazenda, e finalmente não é com o Ministério da
Saúde. Acho que é relaxamento e a multinacional Golden Cross está com um
aumento de 118% no programa de saúde, aqui, no RS.
A SRA. JUSSARA CONY: Vereador, essas coisas não
acontecem por acaso. V.Exa. é testemunha, até porque participa da COSMAM, da
luta em relação aos medicamentos, das questões e dos problemas relativos à
saúde no nosso País. Não são questões de conceitos de estruturas, é uma questão
política e toca exatamente nos interesses da área privada da saúde, quer de
capital nacional e principalmente de capital financeiro internacional e o
exemplo maior é a área de medicamentos e a intervenção, exatamente porque não
está definido, neste País, saúde como direito de todos e responsabilidade do
Estado, e do setor privado. A Golden Cross inclusive, é uma multinacional, é um
dos maiores exemplos que nós temos. Exatamente quando, por uma decisão
política, respaldada pela maioria da população, numa conferência nacional de
saúde que tivemos oportunidade de participar, representando esta Casa e lá
estava o Dr. Osmar Terra e diversos companheiros do INAMPS - define-se direito
de todos e dever do Estado e, para isso, se toca numa das questões de fundo que
é o sistema de corrupção institucionalizado que beneficia setores privados.
Naturalmente que esses setores, através dos seus prepostos, não querem perder o
lucro que sempre vêm tendo com a saúde da população. Então se tenta, friso
novamente, desestabilizar uma administração que se tem pautado pela
transparência, pelo combate à corrupção e pela participação do povo nas
decisões sobre saúde. Isso incomoda muita gente. Nós que temos responsabilidade
com as questões de saúde; não apenas nós, mas esta Casa tem, pois tem uma
Comissão de Saúde, que tem participado ativamente com todos os seus Vereadores;
nós temos que ver com muita seriedade estas tentativas, porque nós temos,
também, responsabilidade aí na medida em que é questionado o trabalho de uma
Superintendência Regional que participa ativamente das Ações Integradas de Saúde,
um trabalho sério e que oportuniza a participação do povo e decisivo para que
encaminhemos as resoluções sobre saúde. Agora, como já dissemos, incomoda muita
gente. O nosso apoio à atual administração do INAMPS pelo trabalho sério, pelo
encaminhamento dos problemas de saúde, o nosso apoio ao atual Superintendente
do INAMPS, com a certeza de que estas questões serão resolvidas a contento
dentro do Partido. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum. Liderança pelo PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Ouvi com atenção o pronunciamento da Ver.ª Jussara Cony, minha
companheira de Bancada, e não posso deixar de me associar a ela, na totalidade
de suas palavras coerentes, objetivas, sobre uma correspondência enviada pelo
Superintendente do INAMPS dizendo a sua versão. O que este Líder quer é que a
população seja esclarecida de todos os fatos, de forma transparente, sem
nenhuma observação. Dizer-se que o atual Superintendente não mantém uma luta
dura contra a corrupção seria uma omissão. Havia no INAMPS fraudes milionárias
- fala-se até em fraudes bilionárias. Hoje, as coisas estão diminuindo, mas
sempre que a Imprensa veicular fraudes, falsificações, coisas nesse gênero, sei
que a combativa companheira Ver.ª Jussara Cony e todos os integrantes do PMDB
terão o maior interesse de esclarecer a população sobre tais fatos. A versão do
Dr. Osmar Terra foi dada. O meu interesse não é prejudicar o Dr. Osmar Terra,
não é prejudicar o Diretor do Hospital Presidente Vargas, não é prejudicar o
Dr. Algayer, ex-Diretor do Grupo Conceição, nem o Dr. Mário Bernd Neto. A minha
preocupação é evitar que o Ver. Cleom Guatimozim, afoito, venha a esta Tribuna
cobrar desta Liderança mais essa ação sobre tais fatos. Não! Não vai poder me
cobrar nunca, nobre Líder do PDT, Ver. Jorge Goularte, Ver. Aranha Filho,
sempre que houver algum fato público eu tratarei publicamente. Estou deixando a
Casa dentro de cinco minutos para tratar um assunto dentro do Partido porque o
assunto não foi público. Assunto público se trata de maneira pública. Dinheiro
do povo não se trata nos gabinetes fechados, se trata publicamente. O nosso
patrão maior é o povo e temos que dar explicações. Há poucos minutos - o Ver. Cleom
Guatimozim é testemunha -, Nobre Ver.ª Jussara Cony, fomos obrigados,
moralmente, a exibir um contracheque nosso, fomos questionados o quanto vinha
de aumento para nós, quando nós dissemos que 37% é pouco para o funcionalismo,
o Vereador concordou, mas é o que o Prefeito pode pagar. Fomos questionados por
uma autoridade civil que passava no momento e nos perguntou quanto vinha de
aumento para nós. Mostramos o contracheque: Cz$ 13.000,00 é o pagamento da 1ª
parcela que é 40% do total, então deve vir Cz$ 17.000,00 na 2ª parcela. Este é
o nosso salário, parece-me que vem 8% de aumento. Não veio?... mas, vai vir
então. Então, o nosso salário é transparente. Não tivemos constrangimento, o
Ver. Cleom Guatimozim pegou o contracheque e mostrou ali. Coisas do povo se
tratam com o povo, transparentemente. Foi para a Imprensa a história de fraude
no INAMPS, vamos tratar publicamente o assunto. Não é uma empresa privada de
ninguém, o INAMPS é do povo. Agora, eu não posso concordar que o Dr. Rui Nedel,
hoje Deputado Federal, nosso companheiro, também, não tenha enfrentado um
combate à corrupção aberto, foi corajoso no combate à corrupção. Uma ocasião
quase lhe custou a cabeça no INAMPS. Teve problemas sérios com aqueles que
estavam acostumados com a corrupção.
Portanto, a palavra está, não comigo - e acredito que todos os
esclarecimentos que a Ver.ª Jussra Cony fez, esta manhã, são bem-vindos,
oportunos, mas a palavra final está com o Presidente do INAMPS, nosso bravo
Companheiro de Partido, nosso grande correligionário, vai ter que explicar tudo
muito certinho para que o Líder do PT, que está muito sorridente, não possa nos
cobrar nada, porque o PT está esperando alguma coisa, para nos cobrar. Não,
Vereador, Líder do PT. Haverá um esclarecimento cabal, Vereador Cleom Guatimozim,
e nós não silenciamos. A Ver. Jussara Cony veio à Tribuna , deu sua posição. Eu
não tenho posição pessoal, a minha preocupação é para que o INAMPS esclareça.
(Aparte anti-regimental do Ver. Jorge Goularte.)
Não. Eu pedi o afastamento temporário enquanto a sindicância ocorresse.
Não do Superintende, mas de todos os envolvidos, incluindo o Superintendente.
Acho que o Superintendente faria, como magistrado da coisa pública no
campo da previdência. É uma solução inteligente, como se fez no grupo Conceição.
No grupo Conceição já foi assim, se afastou os Diretores e foi feita a
sindicância.
Portanto, assim deveria ser feito na Previdência: afastar-se os
envolvidos e, de acordo com o resultado da sindicância, os inocentes deveriam
ser reconduzidos. Acredito que o Presidente seja inocente e deva continuar. No
entanto o princípio do processo valeu para ele, para o outro não valeu, quando
o Companheiro do Ver. Aranha Filho e outros Companheiros nossos, também, foram
afastados a sindicância funcionou. Eu esperava que idêntico procedimento fosse
feito agora.
Para concluir, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, aquele procedimento
de afastamento dos Diretores do Conceição foi um procedimento altamente
benéfico para a Nova República, porque não prejudicou ao Dr. Algayer e ao Dr.
Mário, pois eles deixaram o Grupo, tranqüilamente, para que a sindicância
agisse com total isenção.
De sorte que só quero isto: só peço o esclarecimento cabal e definitivo
de todas essas irregularidades, e seria de bom senso administrativo que todos
os envolvidos fossem afastados. Isso seria uma Medida Legislativa sã. Sou
grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Com a
palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Espaço Livre, do Jornal “Zero Hora”, que é digno dos melhores
elogios pela forma com que traz a opinião do povo, inclusive trazendo respostas
das colocações aqui feitas, até de esclarecimentos, se constitui numa grande
fonte informativa. Sempre leio, em primeiro lugar, essa coluna, exatamente por
essa gama de informações advindas do homem do povo e do leitor anônimo.
Hoje, essa coluna traz uma carta redigida e assinada pela Sra. Nerci
Thomaz, mãe do falecido Alex Thomaz, aquele rapaz morto a golpes de karatê, na
Praia, no ano passado. É uma carta que todos deveriam ler e deveria ser a
oração na campanha contra a violência, porque a tal carta é de uma mãe
desesperada que perdeu um filho com dezesseis anos, um filho que convivia
dentro de sua casa, que tinha uma participação dentro da família, e que, depois
de um ano, continua desesperada, exatamente pela forma de agressão que ele
sofreu, perdendo a vida.
Acho, Srs. Vereadores, que a violência nasceu com o homem, nasceu nas
cavernas, nasceu na confecção do tacape na mão do troglodita, nasceu na disputa
pelos melhores campos de caça, nasceu na disputa pelo território, a violência
nasceu há muito... Mas a violência civilizada, hoje, me parece muito mais
violência do que aquela que nos conta a pré-história. A morte violenta de Alex
Thomaz vai custar a ser esquecida, não só pela carta de sua mãe publicada aqui,
mas, inclusive, pela forma de violência que ele sofreu. Na ocasião nos
encontrávamos frente à SMIC, e a primeira providência que tomamos foi a de fechar
todas as academias de artes marciais. Isto aqui não é um campo de experiência
de japonês, nem de sul-coreano. E nós, para reabrir as academias, exigíamos, em
primeiro lugar: o currículo, uma folha corrida de cada professor e o currículo
com a folha corrida policial e judicial de cada aluno. Tomei conhecimento há
poucos dias que, face ao trabalho intenso da SMIC e suas atribuições, que são
muitas, a Secretaria teria abandonado essa prática e as academias continuam,
então, a matricular qualquer aluno, bom ou mau-caráter.
As artes marciais, Srs. Vereadores, foram criadas e desenvolvidas
sempre, sob motivos nobres. Era exatamente, o povo desarmado que tinha que usar
os pés e as mãos contra os guardas armados, os poderosos. Esses motivos nobres,
de defesa, hoje, estão deturpadíssimos. Nas metrópoles e nas megalópoles, os
peritos em artes marciais entram nas escolas, no jardim da infância e saem
grandes mestres, eles emigram para os grandes Centros Mundiais para ensinarem
artes marciais, onde a legislação é aberta, não há legislação para as artes
marciais.
E nós, que durante muitos anos militamos dentro das artes marciais,
ainda nos primórdios e na sua evolução nessa Cidade, sabemos do perigo que ela
representa na mão daqueles que não estão preparados.
Eu quero registrar a carta da mãe de Alex Thomaz, uma carta emocional,
que deveria ser lida por todos aqueles, Srs. Vereadores, que são obrigados a ir
e vir nesta Cidade violenta e cuja violência cresce assustadoramente a cada dia
que passa. Então, faço o registro desta carta, dizendo que desde que estava na
SMIC, quando comecei a fechar por diversos motivos as Escolas de Artes
Marciais, eu já estava solidário com essas palavras que só agora, um ano
depois, são inseridas no Espaço Livre do Jornal Zero Hora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o Ver.
Frederico Barbosa. V.Exa. tem cinco minutos sem apartes.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, apresso-me a vir à Tribuna pelo tempo que ainda resta à nossa Bancada,
durante a Sessão de hoje, para dizer que, a questão de cinco minutos atrás,
recebi um telefonema, ainda no Plenário, e que foi passado depois para o meu
gabinete, do Secretário Municipal dos Transportes, Ver. Elói Guimarães. Foi com
referência às críticas que fiz ontem, nesta Tribuna ao Governo Municipal com o
adiantamento de alguns projetos divulgados e, muitas vezes, colocados à Câmara
como a última a ser ouvida. No momento nós, que representamos a população de
Porto Alegre, não queremos ser, quem sabe, os primeiros ouvidos - nem a Bancada
do PFL, nem este Vereador, mas não gostaríamos de ser, sistematicamente,
colocados em último lugar para sermos ouvidos ou para conhecermos os projetos
que o Pref. Alceu Collares dispõe para a cidade de Porto Alegre. Os jornais de
hoje publicam, inclusive, “Zero Hora” traz como reclamação deste Vereador e
cita, especificamente, que eu dei exemplo de três divulgações feitas pelo Pref.
Alceu Collares. Cito, especificamente, aquele vinculado a uma possibilidade
futura de uma estação no subsolo, onde hoje está a Praça Parobé. O Ver. Elói
Guimarães, como Vereador fez questão de telefonar para explicar o porquê de que
a Câmara estaria citada no cronograma de apresentação do Projeto, em último
lugar, no dia 17 deste mês. Expliquei também ao Ver. Elói Guimarães que a
crítica, em momento algum, se dirigiu diretamente à pasta dos transportes e nem
tão pouco à figura do Secretário. Mas, isto sim, e a Casa deve estar lembrada,
aqueles que ouviram ontem, a crítica com relação à falta de coordenação
política do Governo Alceu Collares e que abrange todas as áreas. Áreas estas em
que dei exemplo: do projeto da Praça da Alfândega, Parobé e do anúncio de que
voltam à Casa, em breve, os projetos referentes às Casas da Criança e dos Conselhos
Comunitários. Na verdade, não tive a intenção de dirigir uma crítica aberta e
direta à Secretaria Municipal dos Transportes, mas aceitei a explicação, e
teria que aceitar, porque o argumento é do Ver. Elói Guimarães que disse, há
dez minutos atrás, pelo telefone, que aceitava a crítica por ser um Vereador, e
que na verdade queria dar uma explicação, eu acho que a mesma é extremamente
aceitável. O Ver. Elói Guimarães, como Vereador, pautou a Câmara Municipal para
conhecimento do Projeto após o dia 15, sabendo que nós estamos em recesso até o
dia 15, pretendo então que a reunião com a Câmara se realize no dia 17, na
próxima terça-feira, questionando, inclusive, a Bancada do PFL, por meu
intermédio. Vamos levar ao Ver. Aranha Filho a sugestão de que pudesse ser, até
mesmo, no auditório da SMT, pois que existe fragilidade na maquete, que é
complexa e tem algum porte para que fosse deslocada para este Plenário. De
pronto, quanto à minha presença, declarei ao Vereador que estaria lá, e que não
precisaria, necessariamente, que a explicação fosse dada na Câmara de
Vereadores. Mas fico satisfeito, porque aquilo que disse ontem passou a
acontecer, senão do Coordenador político, que continuo a desconhecer,
pretendendo crer que não existia, porque o silêncio é tão grande que me parece
que emudeceu, mas das áreas atingidas pelo meu pronunciamento. Não tinha o
interesse de atingir nenhuma área, mas de questionar se existe alguém que
coordene este relacionamento com a Câmara ou não, porque até agora a Bancada do
PFL só conseguiu ver esta coordenação diretamente com o Prefeito, o que
constrange sob certos aspectos, porque sabemos dos afazeres do Prefeito e
muitas vezes somos obrigados a tirá-lo de uma reunião importante para podermos
ter alguma explicação. Agora, volto à Tribuna para deixar claro que ecoou no
Executivo Municipal e que o Ver. Elói Guimarães deu uma explicação, que é,
exatamente, o que dizíamos da Tribuna, ontem. Nós precisamos de algumas
explicações, até para não complicar, porque, muitas vezes, as explicações dadas
esclarecem e satisfazem. Conseqüentemente, elucidam e o problema fica
absolutamente às claras, facilitando o estudo feito pelo Executivo e pela
Câmara. Este é o desejo da Bancada do PFL. Por um lado, ficamos extremamente
satisfeitos porque ecoou no Município, por outro lado, não se fica totalmente
satisfeito, porque se sabe que, em outras áreas, por falta de uma coordenação,
sem querermos uma centralização, não se têm algumas explicações. Mas o fato do
Ver. Guimarães responder às críticas, aqui colocadas, é extremamente salutar,
porque abre oportunidade a que se tenham estes esclarecimentos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Antonio Hohlfeldt em Comunicações.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente, Srs. Ver.
Aranha Filho, prezado Ver. Frederico Barbosa, apesar do pequeno “quorum”, eu
faço questão de manter este pronunciamento, porque eu acho que o assunto é
importante e se refere à questão da educação, não só em Porto Alegre como no
Rio Grande do Sul. Por uma questão específica de Porto Alegre na órbita da
SMEC, eu pretendo, a partir de segunda-feira, iniciar uma série de visitas a
todas as escolas municipais para que se verifique a situação de funcionamento
destas escolas. Esta Casa atendeu, no ano passado, no meu caso com resistência,
com dúvidas, Projeto do Prefeito Alceu Collares da inversão do convênio com a
SEC, de 1949.
Tivemos inúmeros problemas na área de educação municipal e tivemos uma
desculpa que me pareceu razoável: troca de Secretária, desafio do primeiro ano
de gestão, questão orçamentária e por aí a fora. Já me pronunciei, no final do
ano passado e durante a Sessão Representativa que, hoje, praticamente está se
encerrando, nesta Casa, a respeito de que para 87 a situação mudava. Eu não
admito, a partir de agora, desculpas para mau funcionamento, para falta de
soluções, porque acho que se teve tempo e se teve dinheiro. A Secretária Neusa
Canabarro foi diligente em vários momentos para buscar dinheiro, inclusive em
Brasília. Mas o desafio maior que se apresenta é a solução daqueles espaços que
no ano passado, provisoriamente, foram buscados, solicitados e alcançados pela
SMEC, que deveriam ter durado até maio, na verdade duraram até o final do ano e
que, a essas alturas, devem ter sido devidamente substituídos por salas formais
de aula por parte da municipalidade. Como me parece que remanescem alguns
problemas eu, a partir de segunda-feira, iniciarei visitas a todas as escolas
do Município para fazer um levantamento real da situação, já que teremos uma
semana de aulas, e poder, então, avaliar e relatar a este Plenário.
Mas quero ocupar-me agora, sobretudo, da situação caótica, eu diria da
política de terra arrasada adotada pelo PFL, ao final da administração Jair
Soares. Ao professor Plácido Steffen que se despede, felizmente, da
administração da SEC. Eu não sei o que ele deve estar dizendo para responder,
por exemplo, às denúncias do “Correio do Povo” de ontem e da foto-denúncia de
hoje: uma criança com um guarda-chuva dentro de uma sala de aula que está com
goteiras. Ontem, a fotografia de um prédio que está escorado, para uma das
paredes não cair. Se os senhores tomarem o “Jornal do Comércio” de hoje, verão
a denúncia do CPERS da nomeação descarada de ex-diretores não escolhidos, não eleitos
pela lista tríplice do ano passado, mas que fizeram a campanha do PFL e que
estão recebendo CCs e FGs, com urgência máxima, para anteciparem-se às decisões
da futura administração do Pref. de Pelotas, Bernardo de Souza. É, realmente,
uma política de terra arrasada. Eu confesso aos senhores que me lembrei muito
de situações vividas por Cuba, por Angola, quando se trocou o processo de
Governo, se tratou de destruir o que sobrava para deixar no novo momento, nada.
E, de certa maneira, me parece que foi esta política do Gov. Jair Soares nos
últimos meses. Nada. Zero. Como se dissesse ao PMDB: o Gov. Pedro Simon que se
vire e, a partir daí, poder cobrar dele, imediatamente, como se houvesse
incapacidade ou coisa parecida na área de educação. E dou um exemplo e confesso
que não vou pedir audiência ao Prof. Plácido Steffen porque, quando fiz a
denúncia da incapacidade e da conivência do Professor Tietbohl, que coordena os
exames de Madureza no Estado, a respeito dos erros em questões dos exames
Supletivos, houve ouvidos de mercador - e nós tínhamos as provas, inclusive
aqui na Câmara que eu, até, como professor, configurei seis erros, só numa
prova, alguns dos quais manipulados ideologicamente, outros, erros de conteúdo,
puro e simples de matéria. Mas não vou procurá-lo para resolver este problema
que se apresentou ontem, e que parece uma questão quase criminosa de uma outra
instituição, de empreguismo na Administração Jair Soares. Espero que o novo
Secretário, e é a ele que me vou dirigir, resolva com urgência. Quero-me
referir às Escolas Senecistas, maneira de cabide de emprego para certos, entre
aspas, “professores e diretores”. Pasmem os senhores que a escola Senecista de
segundo grau, Medianeira, que funciona no período noturno, no prédio da Escola
Estadual Medianeira e Venezuela, no Bairro Medianeira, simplesmente, depois de
ter todos os seus alunos matriculados, no primeiro dia de aula fechou as suas
portas e, simplesmente, mandou os alunos transferirem-se para outras escolas,
no caso para uma escola que fica na Glória, e os alunos que se danem. Temos,
por exemplo, quarenta alunos do terceiro ano, do curso noturno, de
Contabilidade, que foram para a aula, na segunda-feira encontraram a escola
fechada, encerrando as suas atividades, e a única proposta: “Vocês vão para
outra escola”. E a escola não tem condições de receber, não só estes quarenta,
como todos os outros alunos e, sobretudo, tiveram a comunicação na última hora,
no momento de iniciarem-se as aulas. Eu quero trazer esta denúncia a público
porque me parece que isso é uma “despolítica”, no meu entender, proposital, e
que envolve a SEC, porque cabe à SEC a fiscalização das escolas. Uma escola não
pode abrir nem fechar sem o conhecimento do Conselho Estadual de Educação, sem
o conhecimento do Sr. Secretário Estadual de Educação, nem mesmo no nível
municipal. Como, então, essa escola fecha? Ela não comunicou à SEC? Ou a SEC
foi comunicada e não tomou providências? Ou a SEC é conivente com isso que se
pratica contra esses alunos? São as questões que coloco. Agora, confesso aos
Senhores, não vou perder tempo procurando o Prof. Plácido Steffen, até porque
até sexta-feira, provavelmente, não terá tempo de me receber; vou, isso sim, a
partir de segunda-feira, buscar o novo Secretário Bernardo de Souza e espero poder
relatar, neste Plenário, na próxima semana, uma medida objetiva, rápida e
imediata para os quase duzentos alunos, quarenta dos quais formados num Curso
Técnico de Contabilidade, noturno, que foram prejudicados por essa decisão
arbitrária, na maneira pela qual a coisa aconteceu de fechar a escola, e
comunicar aos alunos apenas naquele que seria o primeiro dia de aula. Acho, ao
mesmo tempo que serve este fato, para que o Secretário Bernardo de Souza
reexamine, urgentemente, a política a ser adotada para aquelas escolas
senecistas, inclusive no Interior. Durante a campanha eleitoral do ano passado
pudemos observar em várias cidades do Interior, onde existem escolas
senecistas, escolas pretensamente dirigidas pela comunidade, mas onde se
montaram grupelhos de certos segmentos partidários que dominam estas escolas.
Em alguns momentos tivemos inclusive denúncias de desvios de verbas públicas em
relação a estas escolas. Espero que o Secretário Bernardo de Souza tome uma
providência imediata. Eu confesso a minha ignorância sobre que órgão, que
autarquia, Federal ou Estadual, tem o controle direto destas escolas
senecistas. É uma coisa sobre a qual pretendo informar-me. Mas é indiscutível
que, de qualquer forma, no Estado do RS, cabe à SEC a sua fiscalização. Cabe,
neste Estado, ao Conselho Estadual de Educação, o controle de funcionamento
dessas escolas, a existência de professores, as condições das salas, sobretudo,
o não-abandono de alunos no momento em que iniciam seus cursos, de serem
comunicados de que a escola encerrou suas atividades e que, se quiserem, como
única alternativa, deverão dirigir-se a uma outra escola, absolutamente
contramão e desprovida de condições de atender aos interesses da população.
Quanto a esta denúncia, espero que o Secretário Bernardo de Souza possa tomar
uma providência, atendendo a um reclamo justo desses alunos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Reunião
Ordinária, e, com isto, a atuação da 5.ª Comissão Representativa, convocando os
Srs. Vereadores para o dia 15, às 9h30min, no domingo próximo, para a abertura
da 5.ª Sessão Legislativa Ordinária desta Casa.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 11h56min.)
* * * * *